sexta-feira, 10 de julho de 2015

I Do


"Sabe 'amor à primeira vista'? Ele existe."

"Cara, parecia que a gente se conhecia há anos!"

"Eu sempre soube que ele seria o pai dos meus filhos."

"Ele é diferente de todos os outros."

"Eu vou casar com esse cara!"

Já ouvi essas frases - e outras parecidas - algumas vezes na vida. Amigas, livros, novelas. Figuras reais e fictícias que têm plena convicção do amor verdadeiro. Aquele amor que a gente sente uma única vez e reconhece imediatamente. Aquele amor que a gente percebe ao olhar nos olhos de alguém específico ou ao presenciar uma coincidência quase bizarra com quem até então desprezávamos. Aquele amor que não se iguala a nenhuma experiência anterior.

Já se ouve falar por aí que, ao encontrar a "metade da laranja", você simplesmente SABE. Se sempre rolou a dúvida, é porque nenhuma das pessoas que você conheceu era o seu verdadeiro amor. É claro que existem aquelas aparentemente perfeitas, com quem sonhamos acordados antes de dormir. Eu mesma já me casei e descasei umas duzentas vezes com homens diferentes, em lugares diferentes, com vestidos diferentes, em datas diferentes. Eu nunca acreditei que algum desses noivos potenciais fosse o meu grande amor, mas sempre me deixei imaginar como seria se desse certo com cada um.

O Fulano que eu conheci na balada tem cara de chorão. Como ele se comportaria na igreja, enquanto esperasse por mim? O Cicrano foi tão fofo comigo no cinema... ele certamente me daria um beijo na testa assim que eu chegasse ao altar! E o Beltrano? Ah, eu já posso enxergá-lo com um lencinho, enxugando o suor que escorre em seu rosto, tamanha ansiedade em se tornar meu marido.

Na verdade, o cara não precisa ser sensacional para me fazer pensar nesse tipo de coisa. Eu é que quero me casar um dia e preciso de um noivo para sonhar. Então, "pego emprestado" qualquer um desses garotos que cruzaram meu caminho e simulo o grande dia. Terminada a cerimônia imaginária, devolvo o falso parceiro.

Mas se tudo o que dizem sobre amor verdadeiro é mesmo um fato... ah, quando eu finalmente encontrá-lo, nenhuma outra pessoa servirá de noivo. Somente AQUELE cara poderá assumir tal posto, seja no casamento real ou no de mentirinha. Isso porque eu só saberei pensar nele e em mais ninguém, seja para criar uma situação utópica ou para viver a realidade mais delirante da minha vida. Afinal, quando AQUELE cara aparece, todos os outros se tornam, no mínimo, desinteressantes, então como encaixá-los nos meus sonhos mais doces?

Falando em encaixe, talvez a nossa "cara metade" seja a peça certa do quebra-cabeça, a tampa da panela que achávamos ser frigideira. Mas como esse assunto já está ficando cafona, vou parar por aqui. Enquanto o príncipe encantado não vem, os substitutos fazem seu papel dentro da minha cabeça sonhadora e um tanto quanto confusa. Pensando bem, o Fulano da balada é uma gracinha! Não seria de todo mal se ele fosse mesmo o meu noivo real. E não é que, em segundos, acho que já encontrei o amor da minha vida?

Foto: os falsos mas sempre bem-vindos noivos.

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