Minha São Paulo é contraditória. Uma cidade onde o caos das filas e multidões me faz odiá-la com certa frequência, enquanto a vida alheia me encanta a cada esquina. Quando o cansaço vem, uma conversa ao telefone me faz relaxar. Talvez seja a voz serena daquele homem ou, simplesmente, a frase que ele diz: “a gente vai se recuperando”. Então o estresse pós-lotação do metrô não mais me incomoda, afinal de contas, milhares de paulistanos – assim como eu – precisam se sacrificar para chegar a algum lugar (literalmente). E nesse processo de recuperação, as pessoas esperam ansiosas pela última parada.
Minha São Paulo é contraditória.
O barulho do trem quase me ensurdece, mas o diálogo entre pai e filha é música
para os meus ouvidos. A playlist do
iPod me cansa, mas o som daquele japa que eu ouvi no Trianon é simplesmente
genial. Os passarinhos se esconderam entre os edifícios da Paulista, mas a
nossa gente talentosa sabe cantar por eles.
Minha São Paulo é contraditória.
Eu odeio o busão às seis da manhã, mas amo o Starbucks às seis da tarde.
Apaixonados, engravatados e mal-humorados nem parecem paulistanos quando se sentam
naquele sofá e descansam com um copo na mão. É aí que eu penso: como ainda
arranjam tempo para o café da tarde? Talvez tenham escapado do trabalho ou
faculdade, encerrado o expediente, largado qualquer compromisso menos
importante para tomar um Frappuccino com o(a) namorado(a), desistido da dieta –
em plena terça-feira – para experimentar um Caramelo Macchiato ou, assim como
eu, entrado para esperar a aula começar.
Mas mesmo do lado de dentro, no
sossego da cafeteria, os minutos passam depressa. Quando volto a
observar cada um que se senta próximo a mim, já é hora de levantar. E a São
Paulo agitada me espera lá fora. Tão igual, tão comum e tão contraditória.
Foto: Starbucks, café e calmaria.
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