terça-feira, 22 de outubro de 2013

A Casa da Praia



Do lado de fora, a garagem e a mesa de ping pong. Do lado de dentro, um grande mistério. O que há por trás daquelas portas? Difícil falar de uma casa tão conhecida e familiar, mesmo que não seja minha.
Em meio aos móveis e retratos, uma mistura de sentimentos logo toma conta de mim sempre que vou pra lá.
A ceia de Ano Novo, as serpentinas, os sucos com leite condensado tomados à beira da piscina e os passeios de barco são só algumas lembranças que vêm à tona. Em um piscar de olhos, me sinto na década de 90 e volto a ser criança.
“Eu era feliz e não sabia”. Essa frase faz todo o sentido quando observo aquela casa, onde cada cômodo tem sua história. Na escada principal, colchões eram colocados para que a criançada pudesse escorregar. Mais divertido do que isso, só o escorregador – de verdade – da piscina, a mesma em que a gente tomava os sucos calóricos. Era também nesta piscina em que a família fazia aulas amadoras de hidroginástica, criadas por algum parente animado que aumentava o volume da música. A mesma piscina em que via papai boiar, com aquele barrigão que sinto falta até hoje.
Por incrível que pareça, a piscina é apenas um dos diversos lugares onde costumava me divertir. O quiosque também era um deles. Quer espaço melhor para fazer uma pista de dança? Pois é, desde cedo eu aprendi a celebrar o Réveillon. Em frente à enorme estrutura que carregava o número do novo ano, coberto por luzes de Natal, as pessoas – inclusive eu – passavam o 1º de janeiro ao som de Square Heads, Daft Punk, Ivete Sangalo e É o Tchan. Uma verdadeira festa!
Enquanto isso, os arcos de bexigas que decoravam o ambiente se desfaziam aos poucos, assim como esses momentos de alegria. Em pouco tempo, alguns de seus protagonistas nos deixaram. Onde antes havia confete, hoje há saudade. Aquela saudade que aperta sempre que a casa fica silenciosa no meio da noite.
Será o mesmo lugar onde escutei os votos de um feliz ano novo para as pessoas que já se foram? O mesmo lugar onde papai me fez prometer que nunca brigaria com ele em noite de virada? Eu não sei.
Só sei que um pedaço da minha infância continua lá, viva e intacta, e que eu continuo aqui, na mesma condição: à espera de um novo ano.

Foto: Rê, Bi e Papai em noite de Ano Novo.

Um comentário:

  1. Re, que lindo!!! Me senti com voces "nesta" virada.....Parabens, alimente seu blog, alimente nossas almas.....adorei!!!

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